sábado, 27 de fevereiro de 2010

Madeira - 20 de Fevereiro de 2010 (Uma semana depois...)


MEUS QUERIDOS AMIGOS,

Em primeiro lugar, quero agradecer publicamente os vossos telefonemas, sms, emails e manifestações pessoais de afecto e amizade ao longo dos últimos dias... Agradeço também ao Joaquim Marques pela postagem de 21 de Fevereiro, bem como os respectivos comentários dos Colegas. Foi muito bom saber notícias de Amigos, dos quais alguns já não tinha notícias há 5, 6, 7... 14, 15 anos! Escrevo estas linhas com muita emoção.

Tenho chorado ao ver as imagens trágicas da minha querida terra, quando estava no continente. Sim, quis o destino que fosse para Lisboa na véspera da grande tragédia que se abateu na Madeira. Ao falar com familiares, amigos, funcionários e ilustres desconhecidos, que me contaram (contam) relatos inacreditáveis de pessoas que perderam casa, familiares, amigos, carros... O ambiente desta Ilha é de "cortar à faca", acreditem... Mesmo que se tenha passado uma semana... Existem muitas feridas por sarar. Muitas nunca irão sarar...

Olho para as pessoas e vejo expressões de tristeza, depressão, desespero, um imenso vazio e muita incompreensão do porquê disto ter acontecido... É duro de mais, uma pessoa viver mergulhado nestas emoções negativas... É um sentimento de luto colectivo... É isso mesmo, um sentimento de luto colectivo. O que sinto é que perdi algo que também é um pedacinho de mim... Morreu um pouco da minha terra naquele dia 20 de Fevereiro... Choro mais uma vez... Desculpem... É muito triste e doloroso, ver locais por onde passo diariamente estarem completamente destruídos, irreconhecíveis...

Bom, esta postagem já vai demasiado longa.

Mas devo dizer-vos que, como optimista que sou (apesar de não parecer neste desabafo), devo realçar o espírito de união de todos os madeirenses e de todos aqueles que escolheram aqui viver. Vive-se em toda a Madeira uma solidariedade nunca antes vista. Ajuda-se o próximo até 12 a 14 horas por dia, muitas vezes sem almoçar ou jantar... Mas há uma força interior que nos faz avançar... Fazem-se novas amizades e isso é o que de mais belo tem o ser humano. Esquecem-se as "guerrinhas" pessoais do quotidiano e sem importância nenhuma...

Regressei na quarta-feira à noite e nestas 48 horas em solo madeirense, cresci muito como ser humano...

Deixo-vos com um apelo final e passo a escrever em maiúsculas...

DIA 17 DE ABRIL DE 2010, QUERO-VOS TODOS AQUI NA MADEIRA...
MEUS QUERIDOS AMIGOS E COLEGAS... A MADEIRA PRECISA DE VOCÊS PARA RENASCER...
VOLTAR A ACREDITAR QUE VALE A PENA VIVER...
CLARO QUE ESTOU TAMBÉM A PENSAR NA NOSSA ECONOMIA... O TURISMO REPRESENTA 21 POR CENTO DA NOSSA RIQUEZA E EMPREGA MUITA GENTE QUE PRECISA DE VISITANTES PARA CONTINUAR A VIVER...
VENHAM E DELICIEM-SE COM A FESTA DA FLOR QUE DECORRE NESSE FIM-DE-SEMANA.
O MELHOR DONATIVO QUE OS ANTIGOS DCA'S PODEM FAZER, É VISITAREM A MADEIRA NO PRÓXIMO DIA 17 DE ABRIL DE 2010.
O MADEIRENSE SEMPRE SOUBE RECEBER BEM E DE BRAÇOS ABERTOS O FORASTEIRO.
OS DCA'S DESTE ARQUIPÉLAGO SABERÃO FAZÊ-LO MAIS UMA VEZ!!!
MUITO OBRIGADO!!!


Deixo-vos com um texto carregado de esperança do poeta madeirense Pe. José Tolentino Mendonça que foi publicado na edição do DN Madeira de 26.2.2010




5 comentários:

António Pedro Malva disse...

Joaquim

Se é essa a tua vontade, tudo farei para lá estar.

Um abraço

Joaquim Marques AC disse...

Eu vou!
E muitos "velhotes" do DCA tb vão!

Raquel disse...

Tudo o que acontece de catastrófico nos toca, de uma maneira ou de outra, mais ou menos.
Quando tal acontece num pedacinho do nossa terra, principalmente onde vivem amigos, conhecidos e colegas, sentimos!
Preocupamo-nos por quem lá está e lá continua.
A destruição foi grande! É necessário muito esforço e dedicação para voltar a reerguer tudo.
Se puder ajudar, nem que seja só ir ao jantar, no dia 17 de Abril, para levar algum conforto, irei fazer os possíveis para estar presente, porém sem muitas certezas.
Força!
Beijinhos

Joaquim Marques AC disse...

Leça
a colega Raquel resumiu o que eu queria ter comentado e às pressas não fiz.
Faço minhas as suas palavras, porém eu vou!

Graciete disse...

Leça, os ilhéus têm realmente uma capacidade impressionante de se ergueram dos destroços dos terramotos, das enxuradas, das cinzas dos vulcões, dos efeitos devastadores dos ventos, da chuva, do mar...
Toda a nossa História é feita grande heróis, alguns conhecidos, mas muitos anónimos.
E assim foi mais uma vez.
Deu-se continuidade à História.

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