sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

FAZ HOJE 30 ANOS QUE...




Dia 07 de Janeiro de 1980, continuação. A viagem no avião da SATA até correu melhor que as minhas expectativas iniciais. Aterrámos em segurança, sorri de contentamento e algum alívio ao deixar o avião. Começava a entender, apesar dos meus tenros 20 anos, que a vida é feita de novas experiências, ainda assim,  parecem-se sempre com um bicho de sete cabeças. Em todo o caso, e dando mais uma olhadela ao mosquito que acabava de deixar, (sim, porque naquele bicho senti-me um mísero glóbulo vermelho no bucho dum mosquito) senti-me orgulhoso.
Já fora do aeroporto, a temperatura estava óptima para um dia de Janeiro, o Céu limpo, ensolarado, mas não tinha tempo para admirar os elementos nem a paisagem, estava preocupado com as aulas, em Viseu tinham-me dito que começavam no dia 04, já estava atrasado, e eu nunca gostei de chegar atrasado.
Chamei um taxi, eram iguais aos de Lisboa. Solícito, o taxista abriu a mala do carro, sorriu e cumprimentou-me. O bom dia dele ainda percebi mas, as outras palavras que balbuciou não entendi nenhuma. Era um homem maduro, alto, magro, na casa dos 45 anos, a pele bem queimada do Sol, cabelo castanho claro, simpático, mas tinha um linguajar estranho! Já dentro do taxi, a caminho do Instituto Universitário, pensei cá com os meus botões: este tipo deve ser descendente dos Corsários, dos Piratas das Caraíbas, fala um português afrancesado, tomara que seja sério e me leve são e salvo ao meu destino.
Chegado ao Instituto, indicaram-me onde eram os Serviços Académicos. Aproximei-me do balcão de atendimento, o Bilhete de Identidade e o papel do Propedêutico na mão, apresentei-me, disse o nome do curso em que me queria matricular, e pedi mil desculpas por estar a chegar atrasado. Do outro lado, uma senhora com ar simpático, sorridente, deu uma pequena gargalhada, pediu-me desculpa por isso, e de sorriso largo disse-me – não se preocupe, as aulas ainda não começaram, só vão começar na próxima semana. Mas o senhor tem aqui um problema, lamento mas, não podemos efectuar a sua matricula.— Estupidifiquei! Lá lhe mostrei o papel do Propedêutico, o endereço e o curso estavam correctos, ela confirmou os dados mas adiantou: -- O Instituto Universitário dos Açores é aqui mas, o seu curso é no Polo Universitário da Terceira!— e eu estava em Ponta Delgada, na Reitoria.

Faz hoje 30 anos que...Terminou.

5 comentários:

Raquel disse...

Bem, Sr. Presidente, isso é que foi uma chegada em grande à...ilha errada!
Os Açores na altura já tinham 9 ilhas...
Continua, que segues no bom caminho.
Beijocas

Noémia disse...

Maninho,
Aqui vai o comentário, por ti tão esperado.

Eu ainda estou para perceber como é q os saloios(de Tomar, de Viseu e de outras bandas do interior deste nosso Portugal) não sabiam que os Açores tinham e têm 9 ilhas. Então não é que foram muitos, mas muitos colegas a parar primeiro em S. Miguel,nos anos seguintes?
Até tu te ristes!!!!

Agora aproveito e conto como foi o começo da minha aventura por terras Açoreanas.

Datas, não as tenho. Teria de dar volta a muitos papéis e não tenho pachorra nem tempo para tal.

Depois de ter passado 3h dentro de um avião da TAP em Lisboa por causa de uma avaria, de ter iniciado viagem e de ter aterrado na Terceira, fui recebida por um senhor capitão da base aérea das Lajes, a mando do meu primo que à data era o Comandante da base, com um " desculpe menina, é a Néné?".
Se soubesses que o meu maior receio, de ter de ir parar tão longe da terra que me viu nascer, era precisamente o ter de ouvir chamarem-me pelo meu nome?
Nunca ninguém me tinha chamado Noémia, nem mesmo os professores! Valeu-me não ser a irmã mais velha,
visto ter sido ela quem levou os professores a chamarem-me tal qual a minha família me chamava: "Néné".

Tinha, lá fora à minha espera um carocha preto da Força Aérea Portuguesa que me levou à Base, a casa do meu primo, que se desculpou não me ter ido buscar por causa do atraso do avião.
Depois de um lanche e uma pequena conversa, pois fazia-se tarde, segui no banco de trás do carocha preto,rumo à TERRA CHÃ, para a casa da Grimaneza (que nome!!)onde tinha à minha espera um quarto com cama mesa e roupa lavada.
Só no dia seguinte entrei na UA, Pólo da Terra Chã.

Bjs.

Graciete disse...

Marques,
Peço desculpa, meu Presidente e meu futuro ex, mas pensares que estavas em terras de piratas, não é que não os tivesse havido, mas assim julgar dos próprios habitantes???
Gente muito sabida em pronúncias, e que soube aproveitar a sonoridade romântica do Francês e convertê-la em algo muito peculiar!
Em certos lugares, estará muito provavelmente ainda na sua forma mais pura, mais arcaica!!! looool
Mas sinto-me tão bem com esta sonoridade e tão apreciada que ela é!

Mas ficaste por aqui? - leia-se Ponta Delgada. Acabou-se a hostória?
Espero que tenha sido só a primeira série de episódios.

Aguardo a segunda série ou não a podes contar?
Agora nós até podemos ajudar-te!
Eu...nem por isso!!!

Joaquim Marques AC disse...

Grace,
Não fiquei por aqui, só decidi não postar. Até aqui a história era só minha, daqui em diante a minha história já foi partilhada.
Eu dei o mote, outros que sigam o exemplo e contem as suas histórias. Conte quem tiver coragem, pq os ex-DCA são muito especiais, tão especiais que não valem muitas vezes a pena. Para dizer verdade, arrependi-me de ter publicado. Se o blog fosse privado, e só tivesse leitores como o Leça, a Cláudia, a Graciete, a Raquel, a Noémia, a Luísa, o Malva, o Veloso, o Chinês, o Rabiçais... eu publicava a história toda, assim fica para os meus netos.
Beijos

Noémia disse...

Quim querido,
Quem é amiga, quem é?
Continua, q te ajudo com as minhas lembranças. Se faltar algum pormenor, acrescento; se faltar a verdade, caio-te em cima; se n fizer nada, das duas uma, ou está tudo ok ou n tenho vagar para comentar.
Bjs

Related Posts with Thumbnails