domingo, 25 de janeiro de 2009

Mais uma aventura do Eng.º Neves comigo e …

Em alturas em que nem a velhinha CEE existia, já Solipa das Neves viajava por muitos países da Europa. E fazia-o de forma recorrente.
Era, inegavelmente, um aluno que vinha “… de outros meios…”. Dotado de uma grande energia, imaginação e de um poder de execução determinante e célere. Também fez greve!
Pertencia aos que exibiam “… uma tensão psicológica e nervosa que é notória …”. E notava mesmo! Tanto que já nem se lembra em qual local das instalações fez piquete!

Concentro-vos agora numa das nossas tensões: o Carnaval.
E terá sido neste ano de 1984, um pouco antes da notícia da nossa grave ser publicada no “Diário Insular”.
Os dias de celebração do Carnaval eram mais que três e era o Santiricon que nos proporcionava a euforia desta época.
Fantasias? Muitas! Pedíamos as roupas “da América” à nossa senhoria, uma maquilhagem bem adequada, sapatos comprados (verdade) para tal ocasião, uns adereços para o toque final, e estavam criadas as personagens propositadamente provocadoras, personificadas por mim e pela Goreti.
Carlos Solipa resolveu, nesta Carnaval, ser taxista. Ora nem mais! Detentor de carteira profissional e profundo conhecedor da ilha, era vê-lo a circular e também estacionado na Praça Velha. À data dos acontecimentos, este local era frequentado por singulares personagens, que ainda estão nas memórias de muitos, com histórias verdadeiramente inéditas!
No Convento, a noite começava a ser preparada, talvez já iniciada na Casa do Povo ou no Serafim, e esperávamos para que o Solipa terminasse a sua jornada.
Fantasia obrigatória para entrar no Santiricon. E convencê-lo a vestir? Foi tarefa difícil, reservada para mim e para a Goreti. Mas … lá conseguimos! Calças, casaco, e não sei mais o quê, da mesma proveniência das nossas, e obviamente tudo a condizer, e ele ficou, direi, quase irreconhecível! Tal arte de transformação!
Lembro-me do Carlos perguntar:
- Mas eu estou disfarçado de quê?
E nós rodeávamos a pergunta, porque não havia resposta!
E ele insistia, e insistia, e nós já sem qualquer argumento minimamente razoável, a não ser socorrermo-nos de umas “cervejolhas”, como ele dizia, para fazer parar as questões pertinentes que se levantavam. E resultou!
Seguiu-se a ida de táxi para a discoteca e a diversão normal.
Hora de regressar, certamente quando as luzes já estavam acesas, e vinda de táxi para a Terra Chã, mais precisamente, para o largo da Igreja, penso que perto do Convento, ou por aí.
Para além de nós os três, também o Níger apanhou boleia. Não me recordo se mais alguém se juntou nesta viagem e assistiu ao que a seguir se passou, já quando nada fazia prever que a mesma assim acabasse.
O Níger saiu para recolher aos seus aposentos, e relembremos a sua figura bem alta e magra, e Carlos Solipa decide fazer um recuo. E eis que sentimos logo que algo se passava! Carlos Solipa, bem aflito, mas mesmo a sério, rapidamente disse:
- F… matei o homem! F… matei o gajo!
E repetia, e repetia, mesmo depois de sairmos do táxi para defrontarmo-nos com a realidade de tal acto.
Que instantes de tão grande inquietude e aflição!
E deparámo-nos com o Níger caído no chão, não sei se só do toque, porque a inércia era visível, mas nada lhe aconteceu, felizmente. Que alívio, sentimos todos.
Recordamos esta aventura, várias vezes, entre nós, e queríamos contá-la. Fui apenas, a “porta voz da escrita” desta aventura que é assinada por nós.

14 comentários:

Adelaide disse...

Imagino a aflição! Livra, é que apesar de no Carnaval ninguém levar a mal, matar o gajo, era um pouco demais!!!

Graciete disse...

Pois imagima mesmo que a aflição foi grande, depois de uma noite bem vivida!
E era logo um amigo que o Solipa queria matar!!!
O Carlos entrou quase em pânico, e nós lá a acalmar aquela situação.
Hoje dá para rir ... mas na altura, não deu mesmo nada.
Não se sentiu bem nas roupas que o fizemos quase à força vestir. Foi isso!

Carlos Solipa disse...

Maravilhoso, consegues contar as coisas com pormenores que se vão apagando com o tempo. Já nem sei do que ia disfarçado, mas a bebedeira passou com o facto de ter atropelado o Níger, ainda foi uma pancadita jeitosa, mas ao menino e ao borracho mete Deus a mão por baixo e é verdade. Andava-mos por aquela ilha bebados, de mota, de carro, e pouco nos acontecia, mesmo quando havia quedas e havia sempre as meninas do convento para sarar as feridas.

Carlos Solipa disse...

Uma vez dei a volta á ilha contigo e com a Lena por alturas do Espírito Santo, no Citroen Visa da Lena. Lembras-te? Foi tão bonito.

Adelaide disse...

Do espirito Santo, ou nos bailinhos de Carnaval? Essas voltas eram excepcionais!!!!

Graciete disse...

Carlos,
Tu sabes que a minha memória é fantástica, para estes momentos que vivemos com tanta intensidade. Eu seu que a bebedeira te passou com o susto, mas ... não quis contar!!!
Andavas com as freiras porque sabiam que eram umas santas!!!
Lembro-me também da volta do Espírito Santo, com paragens obrigatórias em todos os Impérios. Já não imagino bem, o resultado final!

Graciete disse...

Aledaide, podes acreditar que éramos todos tão unidos e com tanta imaginação que, nos entretantos das viagens e nas paragens que fazíamos, se iam pondo em prática as nossas fabulosas e impensáveis ideias.
Mas divertimo-nos à brava em Terra de Bravos!

Carlos Solipa disse...

Eramos os maiores,a loucura nunca nos fez mal

Graciete disse...

Carlos, concordo contigo. Só nos fez bem!

Graciete disse...

Eu diria, resumido as notícias vindas a público no "Jurássico III", que ficámos "Apanhados pelo clima"!!!

AAACAUA disse...

Deixa cá comentar aqui, senão cai o Carmo e a Trindade!
Ó Senhora Graciete do Belo Maciel, porque é que puseram a alcunha de Urina ao Taxi-Driver, e Niger ao Alberto?

Graciete disse...

Marques, lamento informar-te mas o meu nível de conhecimentos não me permite ir a estes pormenores. O Alberto "Níger", penso que saberei mas não quero incorrer em erro. Quanto ao Taxi-driver, ele poderá, melhor que eu, informar-te, com a sua linguística mais apurada que a minha!

PS: não cai o Carmo e a Trindade, por tão pouco!
Não gostaste da aventura do Solipa foi?!

AAACAUA disse...

Belo Maciel, Graciete Dra.
FYI: Eu estava lá, eu já conhecia a história!
Agora,os meninos e meninas mais joves (sem nê) puderam apreciar o combíbio dos tempos do jurássico, com a excelente narrativa que nos trazes.

Graciete disse...

Bem me parecia que andavas por lá!!!
Registo o elogio e acrescento que a narrativa é que precisamente para avivar a memória dos jurássicos e se os mais "joves" apreciarem os nossos feitos, fico contente pelo facto, e certamente mais razão darão ao Magnífico Srº Reitor de então!

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