domingo, 7 de dezembro de 2008

Interrogações

Interrogações

Que magro sopro me sustém,

que vida por um fio eu transporto,
que carcaça navega em mar além,
que barreira de papel me detém?

que mira da arma me aponta,
em que cama de linho me deito,
que quando me admiro na montra,
que dor vejo eu em meu peito?

que lezíria de amplos arrozais,
qual gaiola canta sem pardais,
que sangue espesso consegue correr?

que se não me livro dos pesadelos
sinto por meus desvelos
que mih`alma vai morrer!

Sais de Carvalho, in devaneios ao serão

10 comentários:

Adelaide disse...

Grande Poeta!O Rio, mais uma vez, inspirou-te, pelo que a alma não morre, pois há sempre sais!

Unknown disse...

obrigado Adelaide!
bj

Oli disse...

Para o Jorge:

Eu também costumo pensar
Que sou um viajante
E que posso voar
Navegar para levante
E descobrir o poente;
Não está ao alcance de toda a gente
Algum herói épico antigo
Ou sonhador desiludido do presente
Encontrar-se-ia perdido
Ainda que viajasse com a mente;
E depois voltar a mim mesmo:
Este, Oeste?
O único sítio de onde certamente
Posso voltar a partir.

Unknown disse...

André, obrigado!
Acho que deverias transformar o comentário num post, etás lindo e digno de ter outra notoriedade!
Abraço

Graciete disse...

Jorge Rabiçais,
Adorei o teu soneto.
Não quero opinar sobre a interpretação que dei.
Apenas te direi que as interrogações são, quantas vezes, a consciencialização e/ou o ponto de partida para as certezas.
Extraordinário! Parabéns!
Obrigada por este teu post.

Graciete disse...

Sais de Carvalho,
Será que podemos saber a data (ano) da criação deste soneto de "Devaneios ao serão"?
Para compreender o poeta, como sabes, o tempo tem uma importância primordial.

Joaquim Leça disse...

Grande Rabiçais ou melhor, Sais de Carvalho!

A tua poesia sempre ao mais alto nível.
Gosto do título do livro(?), "Devaneios ao Serão".
BOA!!!
Aquele abraço!

Zita disse...

Como eu gosto de poesia angustiada! Como eu gosto de poetas sofridos!
Obrigado pelo poema.
Vou lê-lo várias vezes.

Graciete disse...

Jorge,
Li o teu poema várias vezes…
E faço isto, quando leio poemas que gosto. De entre os vários poetas e poetisas que costumo ler, tenho por costume, passado algum tempo, de ler e reler os poemas que mais gosto. E faço-o sempre com imenso prazer, como se o estivesse a descobrir pela primeira vez. Adoro deter-me nas palavras.
E sabes que, com este poema, conseguiste que me detivesse?
Estás, deveras, admirável.

Unknown disse...

Caros amigos,
obrigado pela palavras amigas e encorajadoras, pois, sem elas, um poeta (amador, como eu) fica muito mais na sombra dos seus medos....
este soneto é de 16 de outubro do corrente.
Beijos e abraços

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