quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Casas do Bairro

Na sequência das "Casas Amarradas" veio-me à memória as malandrices que alguns proprietários das casas do bairro faziam para pagar menos luz ao fim do mês, dado o encargo não ser da responsabilidade dos Serviços Sociais da Universidade dos Açores. Inicialmente resolvia-se esse problema com o virar do contador de "pernas para o ar", mas um dia o homem da EDA, que fazia a leitura dos mesmos, apareceu numa altura que não se contava e um dos residentes de uma das casas abriu a porta, sem que primeiramente tivesse colocado o contador no seu perfeito lugar. Claro está que esta situação trouxe algumas complicações para os residentes da referida casa, junto dos Serviços Sociais, mas com alguma subtileza lá se conseguiu resolver o problema ficando a jura que nunca mais se iria repetir!... Mas como na altura as mesadas vindas de casa eram curtas (algumas rondavam entre os 5 000$00 e os 8 000$00, mais coisa menos coisa), o que fazia com que alguns, por exemplo, tivessem de trabalhar a descarregar bacalhau dos barcos, imediatamente se começou a imaginar como se poderia cometer o mesmo crime, mas com menor risco. Vai daí, uma mente ilustre resolve fazer um pequeníssimo orifício na zona preta, inferior, do contador e introduzir através dele um pequeno arame que bloqueava a roda que fazia andar o mesmo. A partir desta altura e sempre que alguém tocava à porta da casa, perto dos dias de contagem de luz, ninguém a abria sem primeiramente se certificar quem o fazia, já que era necessário tirar o dito arame do contador e tapar o orifício com graxa preta dos sapatos, no caso de ser o homem da EDA. Este estratagema nunca falhou e só terminou quando os residente dessa casa acabaram o Curso e partiram, cada um, para as suas vidas... A maior parte deles nunca mais se viram, mas poderá ser que algum venha a ler este pequeno relato e se mostre neste blogue, para juntamente se matar saudades dos bons momentos de estudante que pelo DCA-UA passamos.

Um abraço a todos

Vouzela

13 comentários:

Carlos Solipa disse...

Ó meu caralho, por acaso o crime já prescreveu senão iamos todos para a grelha. Por acaso fui um dos que furou o contador e nunca tive problemas, mas na casa ao lado houve quem lhe fizesse um furo maior e deixou cair o arame lá para dentro e provocou um curto circuito.
Carlos Solipa

Dina disse...

Muito bem Vouzela, gostei desta. Aqueles contadores ronronavam que dava gosto ver..sempre bem aconhegados com um casaquinho por cima, não fosse constiparem-se.lol

JPBarreiros disse...

Quando fui morar para a Silveira 80, 3 dias depois de cá ter chegado, partilhando a casa com o Paulo Barbeito, a Mª João, o Zé Luxo e o Pedro "Conde" foi a 1ª coisa que se fez antes até de se arranjar um frigorífico - a famosa sabotagem do contador com arame nunca foi detectada. E o frigorífico veio do desmantelamento do Lar Masculino. Numa noite eu, o António Mª Henriques da Silva, o Pedro "Conde" e mais alguns degenerados, com uma carrinha emprestada pelo então Major Albino Martins Fonseca e mascarados à Rambo entrámos no Lar e "trouxemos o frigorífico emprestado". Não sei se se lembram mas, na altura, a responsável pelos Serviços Sociais era a Antonieta Santana e lembro-me muito bem de ela estar na casa da Silveira, a beber uns copos, e nunca se ter apercebido (pelo menos não o demonstrou) que aquele era o frigorífico em falta. Tudo isto passou-se no início de Novembro de 84 pelo que já deve ter prescrito né?

Michael disse...

o arame no contador era 1 prática corrente nalgumas casas bo bairro. 1 vez em que foi lá a casa alguem fazer a leitura (e quem o tinha posto, esuqeceu-se de retirar o dito cujo) aquando da chegada do funcionário da EDA. Entretanto chegA o sr que faz a leitura, tira o arame, põe no bolso e despede-se com 1 bom dia simpático, como se nada tivesse acontecido.Lá tivemos que ir á procura de outro para por lá no sitio.Que chatice, + 1 trabalho.

DIOGO disse...

Por falar em esquemas para poupar dinheiro, então e os jarros de água despejados na cabine telefónica que permitiam ao pessoal todo falar para casa sem pagar. Quem diz jarros de água, diz arames, facas etc., tudo servia. E quando se via mais de uma pessoa junto à cabine já se sabia, vamos telefonar à borla.

Graciete disse...

Vouzela,
Já estava a estranhar a tua ausência!
Pelos vistos, havia uns que furavam mais, outros menos, uns com mais jeito, outros com menos!
Lembro-me dessas histórias serem contadas entre nós.
Bienvenue.

Carlos Mendes disse...

Sou de gerações muito mais tardias, e acho que a informação dada neste post está muito pouco actual. Esse truque não terminou com essa geração mais antiga. Nas 4 casas onde morei no bairro, as 4 tinham todas um clip no contador...portanto ficou por muitas gerações e espalhado pelo bairro.

António Pedro Malva disse...

confirmo a afirmação do Carlos Mendes. Em 1992, não só lá estava o buraco, como também o ferrinho, mas ou me falha a memória, ou nós já não pagavamos a electricidade!

Adelaide disse...

Só pessoal simpático! passaram a pagar propinas,mas continuaram a poupar um dinheirinho aos serviços sociais!!!

Graciete disse...

Meninos,
Parecem que andam a confessarem-se a um Padre!
O Vouzela começou e os remorços parece que pesam ainda tanto que só vejo colegas com a mesma reza!
Será o "Mural: eu me confesso"?

Michael disse...

Em relação às cabines telefónicas, lembro-me da frequencia de que 1 colega blogante, que, ao domingo à noite plantava-se na cabine perto da igreja, com 1 cigarro na mão e açambarcava gulosamente o telefone para falar com a familia e não deixava mais ninguem, tocar no aparelho. Não partilhava, gulosa.

Adelaide disse...

Estava a falar para os tios na América! e a tratar dos assuntos do pai em São Miguel. Eram negócios... e além disso a cabine era em frente ao Convento, logo com mais direitos!

Atlante disse...

Esta prático era corrente até pelo menos 1997 em praticamente todas as casas de estudantes que conheci. Eu próprio tinha o contador de plástico transparente da EDA no exterior da casa, com porta de vidro. O que tornava o risco de sermos apanhados maior. A técnica neste caso era controlar os dias em que o senhor da EDA passava e retirar o arame durante aquela semana, colocando nas outras 3 semanas do mês. Assim havia sempre alguma contagem (1 semana por mês) e não dava muito nas vistas. Cumprimentos a todos.
Fred

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