quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Frango Terno – Galinha Velha

Penso que foi um sábado algures em 1982 depois de mais uma noite de folia, invariavelmente, fazíamos uma busca ao velho frigorífico do lar masculino. Como sempre, também, nada mais havia que leite e um pouco de manteiga.
Já não consigo precisar quem teve uma ideia luminosa, do outro lado da rua havia uma capoeira recheada de frangos e galinhas prontos a satisfazer o nosso apetite voraz, havia nas estufas verduras para os acompanhamentos, tínhamos fogão e temperos, tínhamos apetite de sobra.
Organizamos tarefas, a uns coube a tarefa de trazer os vegetais, a outros de arrumar a casa preparando o repasto, outros ainda ficaram com a incumbência de caçar o apetecido frango.
Controlado o movimento do casal que vivia por baixo do lar foi fácil fazer a colheita dos vegetais, certamente fazendo parte de algum estudo, por isso mais saborosos ainda.
Para quem conheceu a entrada do lar masculino e a cozinha é fácil entender que a sua arrumação não foi digna de grande história.
Já a caçada ao frango merece que lhe dedique algum tempo.

Primeiro problema: Quem vai?
A coragem abandonou alguns de nós e só depois de alguma discussão se escolheu o grupo eleito.
Segundo problema: como caçar o animal sem fazer alarido que acordasse meia terra chã?
Teóricos não faltaram,
Seria com um pau batendo ao de leve na perna do dito para que este trocasse de poleiro e só acordasse já com a panela à vista.
Seria metendo a sua cabeça debaixo da asa para que se convencesse que a noite continuava tranquila.
Seria de um golpe apertar-lhe o pescoço para que quando desse por ele já estivesse depenado.

Afinaram-se estratégias e lá se partiu para a empreitada. Nada correu como o previsto. Os frangos estavam num desassossego. Não consigo dizer se o problema era os frangos terem insónias, ou, se o grupo escolhido não ter primado pela descrição. Mesmo assim já nada iria parar a operação frango.
É verdade que o alvoroço não permitiu uma escolha cuidada, é verdade que o jeitoso que lhe deitou a mão não era muito dado a nuances de delicadeza mas também é verdade que em quinze minutos o frango, que por acaso deveria ser a galinha mais velha da capoeira, passou a morar no lar masculino.
Os comensais que aguardavam um frango tenro não só tiveram uma luta titânica para por aquele monstro na panela como horas depois continuavam à espera que a carne desse sinais de brandura.

Nenhum dos presentes acordou a horas de poder ouvir a referencia que o Sr. Abade, em plena missa dominical, fez à ocorrência dessa noite nas capoeiras da vizinhança.

5 comentários:

Anónimo disse...

ADOREI! Ri muito!
Continuas discreto, podias ter nomeado a equipe... já lá vão tantos anos, o crime já prescreveu!
Abraços
Joaquim Marques

Pedro Manaças disse...

Ao menos podias ter convidado os amigos pá....

Graciete disse...

A memória recorda-me que, numa noite de igual inspiração, não sei se protagonizada pelos mesmos artistas, também apareceu no "Convento" um frango ainda por depenar! E que fazer às penas para que a Senhoria não descobrisse o enredo da acção?

Carlos Solipa disse...

Essa da galinha que apareceu no CONVENTO posso dizer-vos que os caçadores foram o Menano e eu

Alberto Freitas disse...

A galinha da História foi caçada pelo NIHT'S tambem conhecido como Jorge LAPIN

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