quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

FAZ HOJE 30 ANOS QUE...




Faz hoje 30 anos que saí de casa para ir marcar a minha viagem à agência Abreu em Viseu.
Destino: Açores
Razão: Fui lá colocado, no curso de Ciências Agrárias do Instituto Universitário dos Açores.
Em Dezembro? Sim, as colocações só saíram em Dezembro e na sede do Propedêutico ( alguém se lembra?) disseram-me que as aulas começavam a 4 de Janeiro.
Estávamos no dia 30 de Dezembro de 1979. Na agência tinha um conhecido, mas infelizmente os voos estavam todos cheios, só consegui vaga num voo TAP que ia para Boston e fazia escala na Ilha de Santa Maria, único Aeroporto Internacional dos Açores à época, mas só no dia 06 de Janeiro.
Fiquei apreensivo, ia chegar atrasado!
Voltei pró ninho, entrei directamente na adega, agarrei numa garrafa de jeropiga, subi prá cozinha, assei castanhas, comi e bebi... estava nervoso.
O meu Pai não queria que eu fosse, proprietário e herdeiro do saber de várias gerações de vitivinicultores do Dão, sempre me disse: "a agricultura é a arte de empobrecer alegremente". E depois, eu já tinha o 7º ano do Liceu, e o meu Padrinho um lugar à minha espera no balcão dum banco ( hoje podia ser administrador do BCP!)
A minha Mãe, não tinha opinião oral ( naquele tempo elas não tinham opinião, apesar do 25 de Abril de há 5 anos atrás) mas o olhar dizia tudo.
Nervoso, gazeado das castanhas e da jeropiga, fiz figas e fui a casa do Inspector Pires. Grande amigo da família, e eu da Tecas, sua filha e minha colega de Liceu, já se tinha prontificado a dar-me referências sobre colegas e amigos dele nos Açores, a quem telefonaria e eu levaria um cartão de recomendações. Aceitei agradecido, e ele também por ver-me ir para longe da Tecas.
Faz hoje 30 anos continua...

7 comentários:

Graciete disse...

Marques,
Como a realidade de há 30, e até de menos tempo, está tão bem contada, tão fiel ao que a História deste país era. Foi assim para ti e para muitos, não tenho dúvidas.
Muitos colegas, dos mais antigos que por aqui passam, concerteza que se irão rever no que escreveste.
Sou um bocadinho mais recente, com uma história de vida diferente, mas há algo de comum. A realidade do país era a mesma.
Éramos "empurrados" para o Ensino Superior para locais desconhecidos, sem qualquer informação, sem qualquer conhecimento do que nos esperaria. Os pais não nos acompanhavam, nem havia tão pouco forma de podermos comunicar com eles ou com alguém, mesmo em situações urgentes.
Estávamos entregues apenas a nós, aos nossos medos, às incertezas, às nossas decisões, porque o que nos esperava era uma incógnita.
A minha história também foi assim.
Para nós, o caminho para o Ensino Superior não tinha marcações, nem postos de informação, nem pontos de referência, nem pegadas para seguir. Cada um de nós teve que fazer o seu percurso, com muito pouca informação, para chegar ao DCA.
Por isso mesmo, acho que fomos muito corajosos, apesar da total ignorância de quase tudo, não por sermos ignorantes. Pelo contrário, a capacidade da nossa inteligência foi testada, e bem testada! E...superámos da mesma forma que os de hoje.
Eu tenho orgulho neste passado que nos ensinou que os amigos nos faziam e fazem falta.
Beijinhos

Joaquim Leça disse...

Amigo Marques,

Apesar de ter ido para o DCA em 14 de Outubro de 1988 (9 anos depois da tua ida), revejo-me naquilo que tu (tão bem) descreves.
É que na década de 70 e na década de 80, ninguém sabia o que era essa coisa da internet, nem telemóveis, nem o google. Tínhamos de telefonar da (única) rede fixa, contactar pessoas conhecidas (também foi o meu caso, com uma conterrânea que vive na Terceira) e fazermos pela vida. Mas tudo passou e tudo se fez, não é verdade, Marques?
O que fica desse tempo é uma nostalgia e "uma lágrima no canto do olho", porque sim, "recordar é viver"!
Um grande abraço e obrigado por esta lembrança!

Veloso disse...

amigo,
pelo andar das palavras, pela sonoridade mental das frases, estamos perante um caso de nitida adição pela leitura.
fico á espera...
Bom ano.

João Correia "MR" disse...

Grande Presi,

afinal recordar é viver!
É com agrado de vejo as linhas que escreves tal é a cor que colocas em cada palavra escrita, ou descrita, eu cheguei lá uns anos mais tarde, já com a facilitismo de muitas tecnologias existentes no continente... mas chegado à Terceira a coisa complicou! E como disse a Graciete, como é bom termos amigos, eramos uma família, ou melhor, gosto de pensar que ainda somos uma familia!

um abraço
e boas entradas

João Correia

Jorge Carvalho disse...

Amigo Marques, chorei e ainda choro por saber que não chegaste administrador do BCP (só por isso) e quanto à Tecas, foi triste, muito triste, pois a rapariga nunca mais casou!
A jeropiga, bem... já naquele tempo eras um sorvedor de álcool uma coisa impressionante... agora o resto, deixa-te de tretas, chegares atrasado porque não tinhas lugar na TAP e vires para aqui dizer que isso te preocupava e fazia tremer... nãaaaaaaaaaaaaaaaa, já eras mentiroso naquele tempo e com o pasar dos dias as coisas ficam mais refinadas... é o caso!
Tal como o Veloso, fico á espera....

luis vieira disse...

Caros Amigos,

Como o tempo passa!!! Sou bem novo do que vocês,pois só cheguei á "terra dos bravos" em Out./ 94, mas recordo como se fosse hoje. Tb tinha uma pessoa conhecida e a morada do DCA. Mas recordo que ainda nao havia muitos telemoveis e que o pessoal juntava-se ao Domingo á noite, no nosso querido e saudoso bar da AECAH, para telefonar á familia, aos amigos e ás namoradas ou namorados....Belos Tempos.
Um grande abraço a todos e um Excelente 2010.

Luísa Benevides disse...

E 30 anos passaram rápido... tão rápido que, muitas vezes, esqueço que esses mesmo 30 anos também foram adicionados à idade... :p

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