segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

CÃES DE CAÇA E OUTRO MAMÍFEROS...


A reflexão eterna de um mortal passa por saber o que o outro tem, o que o outro quer, o que o outro pensa!
É nessa angustiante razão adquirida ao longo dos séculos que nos agarramos para justificar actos que não profetizam liberdade… não, não somos livres!
Somos apenas uns bandalhos, uns farrapos desta sociedade que quer saber tudo acerca de nós e, simultaneamente, nos oculta de forma tão obstinada e obscura o que realmente nos faz felizes – a nossa vontade!
Vem a Igreja e reclama verdade, confiança, fraternidade, igualdade…
Vem o governo e reclama justiça, equidade, democracia…
Vem o amigo e reclama fidelidade, lealdade…
Todos juntos somos a sociedade que não é nem verdadeira, nem inspira confiança, é desigual, não é justa, não é leal, não é democrática…
Somos afinal filhos de uma sociedade em que o todo não é igual à soma das partes – um mistifório que nem a matemática consegue explicar!
O que queremos para nós afinal? Queremos uma sociedade desmembrada mas onde aqui e ali vamos encontrando o nosso Zénite ou queremos uma sociedade una e onde essa unicidade seja o antípoda da verdadeira vocação de cada um de nós?
Não conseguem, por mais leis que façam, amestrar o código genético de cada um, ainda para mais quando essas leis são feitas por alguém como nós que se apresenta geneticamente… singular!
Eu quero fazer a sociedade tal qual eu a concebo e não viver na concepção do outro… bem sei, sou tolo e almejo o impossível. Sim, mas alguém teve a felicidade de um dia, em outros tempos que fosse, de ter vivido na sociedade que idealizou – só porque mandava! Também quero mandar!
E tu? Como vais? Vais bem ou vais andando? Vais andando, não é? Tal como eu e os restantes energúmenos sociais – vamos andando, vamos andando…
Foi aí que entrou Deus! Entrou como contra ponto desta sociedade que em nada é social e, desta forma tudo corria bem, até que ele decidiu morrer e deixar ao poder dos homens a decisão das suas próprias vidas – foi o descalabro! Ainda apareceram uns quantos (Deuses) a tentar pôr ordem e retribuir alguma dignidade ao viver social, mas, mesmos esses, ou se deixam corromper, ou desistem, ou se transformaram em ditadores: surgiu a democracia – ufa que alívio!
Estou de facto aliviado porque os democratas trouxeram uma nova ordem na qual eu me revejo e que prima acima de tudo a corrupção do ser e a preservação da alma! Agora sim, finalmente a genética está a vencer pois cada um faz o que Mendel fez – quando cruzo ervilhas amarelas e lisas com verdes e rugosas rugosas, em F1 todas são amarelas e lisas mas depois haverá por certo um quarto delas que é verde e rugosa (e se não for assim, façam de conta...), da mesma forma que quando cruzo um ditador ganancioso com um democrata burro haverá por certo a uma dada altura em que um quarto sai uma besta ganaciosa (democratas) e os restantes uns filhos da puta (ditadores)!
Seja como for, cada um segue os seus instintos e isso agrada-me, tenho pena é de não ter instintos… tenho sentimentos, e isso esta sociedade apregoa mas… casta, casta-os um por um como quem casta leitões por forma a que eles nunca cheguem a varrascos – só alguns, só alguns, eu não tive essa sorte!
Então porque me perguntam pela saúde se não me querem deixar viver? Será porque se eu andar moribundo já não vale a pena matar-me pois morrerei a curto trecho? Deve ser por isso, e assim a sociedade se vai consumindo nela mesma sem que os poderosos façam nada!
Filhos da puta… se não o são na sua ascendência sê-lo-ão por certo na sua vivência!
E ainda me vêm perguntar pela saúde…!

6 comentários:

Joaquim Marques AC disse...

Já cá fazia falta!
É destas diarreias intelectuais que o povo precisa para rir de si mesmo, dele (do autor) e dos vindouros democratas, filhos de ditadores, irmãos dos filhos da puta que observamos ao espelho quando embaciado pela neblina dum banho quente.
Vais pró Céu, Rabiçais, e eu abro-te a porta!
Abraços

Noémia disse...

Olá Jorge,
"Como vais de saúde?"
Pelo que li... vais muito bem.
Continua!
Bjs.

António Pedro Malva disse...

oh Jaquim! tu podes abrir a porta, mas é do lado de fora, porque lá para dentro não passas tu!

E tu Jorge, não tens mais em que ocupar a tua mente? Onde gastar a tua inteligência? Deixa-nos andar na ignorância. Somos mais felizes assim

um abraço

Graciete disse...

Jorginho,
Como sabes, gosto sempre das tuas reflexões!
Contudo, e como são isto mesmo, são passíveis de discussão, o que é bom sinal. Sinal de que acrescentas algo, que és um cidadão observador, atento e com sentido crítico, que reflectes e opinas com muito sentido de oportunidade. Porém, sinto-me limitada a discutir o teu texto, quer seja por concordar, por discordar, por não concordar inteiramente, e até mesmo por algumas questões que prontamente te desafiava, uma vez que nada melhor que o diálogo para fazê-lo. Como agora não é possível...fica para quando nos encontrarmo-nos!

Só mesmo algumas palavras.
O menino não sabe que os instintos são uma das grandes mais-valias que o género feminino tem? Não são só outras coisas!...
Mas tens sentimentos. Deves sentir-me feliz por isso!
Posso concordar que a sociedade seja de certa forma castradora, em relação a alguns sentimentos e também em relação às condições em que os mesmos acontecem. Contudo, se formos regermo-nos pelo que é a chamada norma, então aí é que nos castramos.
Eu prefiro ser castrada pela sociedade do que castras-me!
A sociedade não me irá enaltecer por ter ocultado o que senti. Não tão pouco quero que ela o faça.
Se há algo que é muito nosso, é a nossa mente, a nossa alma, as nossas emoções e os nossos sentimentos. Por isso, quero ser eu a ter o comando deles. Se assim não for, perde-se a identidade mais íntima. E esta...é a pior que nos podem tirar!
Não se preocupes se és um “varrasco”, porque a sociedade já sabe!
Ainda te apetece ganir! Não fiques assim... "bota pra fora"!
Depois vais ver que os sentimentos ficam muito melhores!

Bjs

PS: quando é que publicas um poema? Tenho tantas saudades dos teus poemas! Mas já sei que não me irás fazer esta vontade!

Será que o homem vai aparecer para comentar???

Jorge Carvalho disse...

Obrigado amigos, com os vossos comentários jamais me inibirei de escrever... até choro de emoção...E Marques, o Céu não é esse mar de chamas que tás a vislumbrar, isso é o inferno...(alguém te enganou...)!
Noémia e GRace, sois as únicas a quem levarei flores à campa, os outros bandalhos nada merecem!
bjinhos!

Graciete disse...

Jorge,
Depois de estar "acampada" dispenso as tuas flores e as de qualquer outra pessoa!
Apenas as posso observar e apreciar a sua beleza, enquanto por cá ando.
Agradeço muito a tua generosidade, mas se me quiseres oferecer flores, espero que o faças enquanto ouvires falar de mim!
Bjs e fico à espera!

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