domingo, 24 de maio de 2009

HORA DE FICAR...

Hoje apetece-me escrever em prosa. Da prosa também se faz poesia e - quem já não passou por isso? – Tantas e tantas vezes se ouvem prosas, contadas por anciãos, que deliciosamente penetram por nossas cavidades auriculares e, nesse estreito, canal fazem vibrar o martelo que docemente poisa na bigorna para que o estribo se molde e se transforme numa doce poesia…
Hoje, que O Cristo redentor não teve tempo de ressuscitar para todos e em todos em simultâneo, me vejo manietado intelectualmente pois não consigo manipular o meu pensamento… estou acéfalo, estou áptero… não estou…!
Socialmente não me revejo nesta falta de respeito pelos outros. Já nem quero que os outros tenham valores iguais aos meus, não tenho essa presunção, seria pedir demais a muitos – cada vez mais – indivíduos desta sociedade que se julgam no direito de não respeitarem os outros – apenas isso – respeito, é o que peço!
Cada um sabe de si e se querem andar com o cabelo curto ou comprido, com tranças amarelas ou calças rotas pelo joelho, com ou sem cuecas se querem ser portugueses ou morar longe, nada me importa. O que me importa e interessa é que aqueles que se cruzam comigo no passeio da desgraça, não me obriguem a saltar para o meio da estrada na hora de ponta só para eles passarem, eu não faço isso com eles. O que me interessa é que não me obriguem a fumar o seu fumo que já entrou nos seus conspurcados pulmões e chega passivamente até mim borrifado de petulância e falta de respeito - apenas este, com outro cá me aguento – e não me obriguem a aceitar que uma cachopa que atingiu a puberdade há 2 dias atrás, falte ao respeito a todo o sistema educativo, que eu pago com os meus impostos, que falte ao respeito a uma senhora professora, só por causa de poder vir a ficar sem o telemóvel por meia dúzia de minutos … isso não!
Não admito que os meus impostos sirvam para construir escolas e estradas, hospitais e universidades para gente como aquela miúda, sem que haja uma penalização social, moral e LEGAL, isso, senhor Sócrates, senhora ministra da educação, senhor pai e mãe… senhora sociedade, isso não admito nem tolero!
Estamos rodeados de uma geração de cristal que, por muito que me digam que é o fruto da educação dos indivíduos da minha geração, pois aquela cachopa poderia ser milha filha, não posso aceitar, já que eu sou fruto da educação de uma outra e essa outra de uma outra e dessa forma chegaremos até ao tempo de Cristo, onde não existiam telemóveis mas também havia insolentes e desordeiros, só que com uma diferença: - nesse tempo antes dos actos já se sabiam das consequências e quem os praticava fazia-o com plena consciência, e se o levava avante era sinónimo de coragem e alvo de adoração – assim foi com Cristo!
Nos tempos que correm, os actos são tomados pois também os seus autores sabem as consequências e elas são ….??? São?.... Pois, não são, não existem e isso faz com que certos jovens façam o que fazem e se achem donos deste mundo sem dar satisfação a quem lhes permite viverem como vivem. Eu, meus amigos, apenas expresso a minha revolta porque acho que estamos muito veiculados a facilitismos e achamos que temos que ser benevolentes em tudo.. com tudo!
Basta, há que ter a coragem para assumir que os genes humanos se extraviam se forem votados ao seu destino e às suas libertinagens. Não seremos livres dessa forma, pois liberdade é fazer aquilo que a lei permite e não o que queremos e os exemplos são muitos, desde assaltos a gasolineiras, à destruição da coisa pública, corrupção, crimes ambientais, tudo se resume a uma libertinagem que a sociedade em geral e os políticos em particular aceitam com um encolher de ombros e exclamam:- sinais dos tempos!
Não, não são sinais dos tempos nem tem que ser assim. São sinais de desleixo político-social.
Bem, queridos amigos, não sou ditador, mas acho que todos os sistemas políticos têm prós e contras e, em Portugal, um pouco de ditadura moral e educacional não faria mal nenhum a muita gente que tem as hormonas nos píncaros…
Assim não me apetece ser Português, não me apetece ser europeu, não me apetece ser humano. Desta forma quero ser de um outro planeta de uma outra raça onde os meus impostos sejam bem aplicados, onde a minha escola seja respeitada, onde o meu espaço exista sem ser invadido pela petulância e falta de respeito de uns quantos que acordam com os índices de testosterona mais altos que os do estrogeno…
Assim, de forma factual a minha poesia se transforma em prosa e reafirmo a minha vontade de GRITAR… se não o faço neste BLOG… onde mais o posso fazer, com tantos animais à solta!

12 comentários:

Joaquim Marques AC disse...

Fazes muito bem em fazê-lo aqui, já que os animais daqui não ladram nem mordem, matêm-se em formatura, indiferentes.
Abraço

António Pedro Malva disse...

Jorge

já te disse uma vez, mas vou repetir-to: podes contar comigo e com o meu ombro. Bota cá pra fora o que te vais na alma e faz tuas as palavra que tanto me sofocam a garganta.

Acrescento apenas ao teu texto, duas frase que não são minhas mas que conheces bem e quase resumen o teu texto.

A minha liberdade acaba onde começa a dos outros.
A justiça é uma teia de aranha: apanha as moscas, mas deixa fujir os pássaros.

Queres mais!

Um abraço

Adelaide disse...

Grita!...que nem todos os cães gostam de gatos!

Graciete disse...

Jorge,
Concordo, na generalidade, com as tuas opiniões, embora discorde de algumas, em questões de pormenor. Mas tratando-se de uma prosa poética, embora também não esteja totalmente de acordo, terei de interpretá-la desta forma, nomeadamente os parágrafos ou as frases que entendo que a prosa é realmente poética.
Realmente, a falta de educação, de respeito, quantas vezes ainda aliada à insolência, são intolerantes para mim! E podes acreditar que sou bastante tolerante, designadamente em relação às diferenças.
A geração de cristal, como denominas, é fruto da minha, da tua, da nossa geração. Não tenho dúvidas!
E esta geração, a nossa, veicula uma enorme agressividade, bem patente na forma como tratam as pessoas, quer através da forma bruta com que palavras tão simples são ditas, quer através da omissão de outras tantas, como “Obrigada”, “Se faz favor”, “Bom dia” ..., das caras pesadas que não sabem esboçar um sorriso ...
E poderia alongar-me mais - e teria muito para escrever - em muitos comportamentos e atitudes, poucos ou nada dignificantes da nossa geração, da nossa condição humana. Felizmente que os casos opostos ainda são muitos.
Tenho assistido a esta mudança de comportamentos e atitudes, nestas gerações mais novas, bem de perto, por razões profissionais, há praticamente 19 anos. Pois é! As diferenças são abismais, ao longo deste tempo! Contudo, a grande maioria, felizmente que ainda se pauta pelos valores que tínhamos.
Mas digo, como sempre me disseram: “ A educação, o respeito e todos os valores são adquiridos em casa”. Também não tenho qualquer dúvida disto!
Quem não os adquire aí, espelha o que a nossa sociedade “nos obriga”, infelizmente a ser, com todas as políticas que têm sido adoptadas nos últimos tempos e que, ao que parece, não têm resultado em mais educação, e na evolução da mesma, enquanto seres pensantes! Apenas tem feito emergir, cada vez mais, uma fatia cada vez maior desta sociedade que nada faz, e que se julga com todos os direitos adquiridos e sem quaisquer deveres!
É esta a realidade que vejo!

Luísa Benevides disse...

Jorge,
Para variar (já começa a ser um lugar comum ;)) concordo contigo! E gosto, sobretudo, do parágrafo "Assim não me apetece ser Português,..." Além de muito bem escrito, exprime lindamente o sentimento de revolta por este estado de educação, ou falta dela, e do pouco respeito pelo outro. Enfim, antes a educação era dada pelos pais, hoje há aulas de Cidadania e como o respeito pela Escola quase não existe, a Cidadania fica apenas no papel...

Joaquim Marques AC disse...

que pariu!
os dois últimos coments, quem os (é "os" e não "as")não conhecesse, e até parece que se conhecem há muito... eu sei que discordam, então pra quê este teatro?
Se discordam, digam que discordam, não que estão de acordo com a discórdia!
Eu cá, quando ensino os meus cachorros, é para correrem atrás dos assanhados, e trincá-los logo! Mas é logo, imediatamente! E se entretanto, aparece a liga protetora, é deixar de lado o felino e trincar na protectora!
Enfim, mas isto sou eu! Eu que nunca me apeteceu ser Galego e não tenho pejo nenhum em ser Português.
Mordam-se, mas não gritem! OK?!
... agora, vai, busca...

Graciete disse...

Marquitos, esta postagem ainda vai dar postagenzinhas...:-)

Gosto de ser Portuguesa, estou contigo!
A amabilidade, a hospitalidade, a genuinidade e a simpatia das nossas gentes, realmente não se encontra em muitos locais do mundo.
E somos tão pequenos e tão diversificados!
Todavia, meia dúzia de pessoas agarradas ao poder e a desenhar o nosso percurso, isso é pode e estará mal!
Mas vivam as Festas do Espírito Santo (Açores, unicamente, e "extintas" no continente), os Santos Populares, que estão à porta, e até São Bento, como diria o outro...
E eu, no meio do Atlântico plantada, numa ilha paradisíaca, não é para qualquer um!!!
Que qualidade de vida, aliada a uma extraordinária beleza da Natureza, com temperaturas amenas, praia durante todo o ano ... tenho tudo isto! E sei apreciar e deleitar-me com tudo este cenário maravilhoso.
Acima de tudo gosto de ser, em primeiro lugar, Açoriana!!!

SeaWeed disse...

Ao fim de todos estes anos a viver em Portugal, sinto-me primeiro açoriana e depois portuguesa, mas não posso dizer que tenho orgulho deste país e assusta-me pensar que vai piorar...

Graciete: As festas do Espírito Santo não estão extintas no continente e são festejadas em algumas vilas. Apenas não fazem parte das festas das grandes cidades e por isso não se ouve falar tanto delas. Ao contrário das festas dos Santos Populares (São João, Santo António, São Pedro...) que são maiores porque são os festejos das cidades e óbviamente maiores do que as festas dos Açores. Ainda assim prefiro as festas do nosso querido Arquipélago.

Graciete disse...

Betty, obrigada pela tua correcção. Gostei de saber que no continente ainda se festejam as festas do Espírito Santo, embora muito localizadas.

E evidente que não podemos ignorar a situação em que o nosso país se encontra, agravada ainda pelas perspectivas que, a nível mundial, não são as mais favoráveis. É preocupante!
Contudo, o facto de estarmos nestas ilhas proporciona-nos uma qualidade de vida muito boa.

Reitero o orgulho imenso que tenho de ser Açoriana!

Unknown disse...

Só me apetece GANIR!
DAIS UMA NO CRAVO OUTRA NA FERRADURA (já sei...é porque não estou com a pata quieta) mas, digo-vos, nunca vi tanto contrasenso provocado em comentários induzidos por uma postagem...
De facto, esse vosso orgulho de ser Portugês é pela nacionalidade ou pela geografia?
Definam-se e não confudam a Estrada da Beira com a Beiera da Estrada!
Qt ao resto, reeitero que, as festas de (do) Espírito Santo existem na terrinha do meu Pai e de resto, teb me sinto Açoriano muito mais do que alguns que aí vivem e já não estpi aí há dez doze anos, mas, seja como for, não quero ser Português, pois a merda do meu País, como unidade Nacional, já não tem razão de existir... pra puta que pariu a merda do País e a porra dos filhos da puta que nos governa! (só peço dsculpa pela linguagem a quem de facto é sensível... desculpem!)!

Graciete disse...

Para ver se te acalmas ... como é o Povo Açoriano, como tu bem sabes, que sejas bem-vindo à tua Região também!

PS: fiz de conta que não vi determinados termos!!!

MigBez disse...

Jorge... alça a perna...

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