quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Crónica do ZAP: Piquenique de Burguesas versus Caloiro do DCA
DE TARDE
Naquele piquenique de burguesas
Houve uma coisa simplesmente bela
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoilas
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoilas
In “O Livro de Cesário Verde”
DE NOITE
O caloiro de Engenharia Agrícola, havia passado o serão numa mesa do “Serafim” no meio das garrafas de cerveja vazias e de doutos “Engenheiros”.
Comedido nas palavras e constrangido pela presença de tão altas individualidades, ao longo do convívio, raramente se manifestou. Mas embalado pelos demais, continuava a beber, já se encontrava visivelmente inquieto e a sua mente perigosamente á beira do desatino.
A meio da noite os engenheiros erguem-se da mesa e o caloiro, sempre obediente, seguiu o exemplo, encaminhou-se imediatamente para o exterior. Já no passeio, uma lufada de ar fresco despertou-lhe o subconsciente, abriu os braços e gritou bem alto “Eu detesto plantas!!!”. Correu para o outro lado da rua e sem identificar o género ou a espécie, ali mesmo junto ao muro, abraçou violentamente um RAMALHETE VERDE de URTIGAS!
Pouco depois chega a Angra á boleia e a coçar o prurido. As Sanjoaninas iam a meio, a noite bastante longa e o caloiro alimentava a esperança de que tinha chegado a hora.
Da multidão que quase enchia a tasca, os pares, foram-se aos poucos, encaminhando para os seus ninhos. O caloiro deixara-se ficar e coube-lhe na sorte uma rapariga entroncada e solícita.
Chegados ao quarto, a primeira batalha estava ganha, sentaram-se á beira da cama com a luz do candeeiro abafada. Ela mostra-se então renitente, ele, a ver se a seduz, retira da mesa-de-cabeceira um de maço poemas íntimos e começa a recitar baixinho.
Com o nervosismo da ocasião uma das folhas cai ao chão e a rapariga baixa-se comprometedoramente para a juntar. O caloiro vislumbra então mesmo no meio da penumbra e do decote do vestido, um GRANDIOSO PAR DE MAMAS.
Estala logo ali o frágil verniz da poesia, o caloiro agarra-se freneticamente a ela e rompe-lhe por completo o vestido.
Os colegas da casa acordam sobressaltados com os gritos de “Acudam ele está maluco”!
Tentam acalmar o caloiro, ainda cheio de razão. E confortam a rapariga que, longe de estar preocupada com o atentado ao pudor ou á integridade física, lamentava sim a perda do vestido talhado á medida na modista um exclusivo para as Sanjoaninas, repetindo laconicamente: “foram quase vinte contos … ”.
ZAP
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11 comentários:
LOOOOOOOOOOOOOOOOl
Zap ainda não parei de rir, este filme está de mais, histórias como estas deves ter aos montes......
Ora começa a contá-las aqui para o pessoal se rir e aleviar o STRESS
e-mail recebido:
caros colegas
presente!
belos anos de 1990 a 1996!
brevemente enviarei o meu 1 post.
beijos e abraços
Pedro Bento
pedrofbento@gmail.com
Meu Amigo ZAP,
Esta história tem um protagonista que sou eu!!!
Lembrei-me de repente da nossa sátira do conto do Capuchinho Vermelho.
Lembras-te desse episódio, Zé António?
"Oh Lobo Mau, porquê é que tens uns olhinhos tão grandes? pergunta a curiosa Capuchinho.
Ao que o Lobo responde atrás de um arbusto: "Oh sua sac**a, tu não vês que eu estou a CAGAR?!"
Bons tempos esses e o das urtigas, também!!!
;-)
Aquele abraço!
Caro ZAP
O poema é o mesmo. o texto é lindo.
Muito obrigado...
Bolo da Comunidade DCA
1º Leia as Crónicas do ZAP;
2º Misture o agriculturando do Leça;
3º Ligue os Caloiros e engenheiros no Serafim;
4º Separe as Sanjoaninas do Pátio da Alfândega do Motel Brasil.
Por fim, bate tudo muito bem, para que fique muito bem ligado. Barre a forma, aqueça em Banho de Maria ou outra e delicie-se, saboreando a União e o Reencontro.
Não se esqueça de Brindar à Amizade!
Continue por aqui, que as receitas do DCA são únicas, divertidas, sérias, o início da escola da Vida.
Bem-haja, todos sem excepção!
e-mail recebido:
Boas Adelaide
Está tudo bem aí pelo Japão? Espero que te encontres bem assim como toda a familia.
Olha eu tentei colocar a minha foto nos associados porém não consegui.
Só aparece como seguidor do blog. Como é que eu faço?
bjs
Nuno Barreto
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Ok obrigado.
Assim sendo aqui vão os dados:
Nome: Barreto
Email: nb2000@gmail.com
Frequência: 1992-1999
Foto: em anexo
Abraço
Nuno Barreto
Apelo:
pede-se aos intervenientes directos e/ou tangentes, o favor de identificar quem rasgou e quem foi rasgada, uma vez que o das urtigas já nós sabemos!
este pedido é subscrito por todos os utilizadores deste blog, sem escepção!
obrigado!
Adelaide,
Deus te pague pelo ingrediente "Agricultando" do Leça nesse bolo delicioso da "malta" do DCA!!!
Por falar nisso, já viste o meu blogue?
Beijinhos
Caro Leça, of course!!!
Caro Nuno, o nosso presidente é um espectáculo, pois já estás inscrito e muito bonitinho. Agora só tens que partilhar as tuas/nossa vivências! Ficamos à espera.
Os outros colegas, façam o mesmo, é muito simples, apenas têm que enviar a Vossa foto e contactos para aaacaua@gmail.com
José Pacheco,
Três vezes Parabéns:
1- Não tive o prazer de te conhecer, mas visitei a fábrica do Chá Porto Formoso, um verdadeiro encanto, não só pelo empreendimento, como a simpatia do local, recomenda-se;
2- O poema, é lindo, faz-nos reviver os cenários descritos pela Jane Austen, quem não se lembra do “Orgulho e Preconceito”, e “Sensibilidade e Bom Senso”, o mais curioso quando visionamos o Blogue, está a fotografia daquelas meninas à volta de uma mesa, como de um piquenique tratasse; Para nós são as “Engenheiras” que estiveram num passado “muito distante”, quem sabe, muitas delas são Mães e quiçá Avós (sem ofensas), um retrato fabuloso para alegorar o poema da “Piquenique das Burguesas”
3- Por último, está na parte escura, as vivências das Boémias e do “Deboche”, que os mais novos se enquadram, “os outros”, um Universo dentro dele próprio. Parece que história segue um fio, só o autor é que sabe…
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